Um homem não chora
Acreditava naquela história
do homem que nunca chora.
Eu julgava-me um homem.
Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.
Agora tremo.
E agora choro.
Como um homem treme.
Como chora um homem!
(José Craveirinha, escritor de Moçambique)
Nas três primeiras estrofes, predomina o verbo no pretérito imperfeito do indicativo; nas subsequentes, os verbos estão no presente do indicativo. Essas marcas textuais evidenciam que:
a) o estado em que o eu-lírico se encontrava antes do “Agora” era contínuo, mas há uma ruptura na sua visão de mundo.
b) não houve rupturas na visão de mundo do eu-lírico e, por isso, a escolha dos tempos verbais é aleatória.
c) o passado, para o eu-lírico, precisa ser superado no “Agora”.
d) o presente é uma fatalidade que não depende dos eventos passados.
e) o sentimento de megalomania do eu-lírico fez parte de um evento pontual do seu passado.
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